quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O dilema do pão.

Américo é sem dúvida o cara mais engraçado de nós quatro.
Casado com Íris, uma mina firmeza,ele é também o mais novo, acabou de fazer 30 anos.
As semanas que antecederam o aniversário do Américo foram hilárias. Ele que não é quase nada paranóico jurava que ia morrer antes de completar 30 e depois que o aniversário passou ele entrou em crise por já ter chegado nos 30... quem entende???
Em uma de nossas conversas de balcão Américo nos contava a correria que ele e a Íris estavam por causa da mudança de casa.
Eles estavam saindo do bairro do Bixiga para um apartamento no edifício Copan.
Depois que contou da mudança Américo reclamou que a partir do momento que se mudassem ele teria que gastar mais gasolina indo todos os dias do Centro até o Bixiga só pra comprar pão.
Só o Américo mesmo estava vendo sentido naquilo que ele dizia ser um problema, já que perto do Copan existem ótimas padarias mas esse cara sempre tem uma explicação rasoável para coisas aparentemente sem sentido.
Segundo ele, seria impossível mudar de padaria pois já havia sido criado um laço de confiança entre ele e o balconista que o atendera durante anos. Ele se dizia incapaz de abandonar um estabelecimento onde o atendente já sabia uma de suas preferências mais pessoais - 2 pãezinhos torrados e 2 pãezinhos bem branquinhos, nesse aspecto ele e a Íris definitivamente não concordavam -. Isso sem falar que toda vez que saía uma leva fresquinha de pães de queijo o mesmo atendente já separava dois para quando o Américo chegasse.
Pelo que estávamos ouvindo dava para perceber que a relação do nosso amigo com o atendente era quase fraternal, cheia de amor e cumplicidade - o Américo fica puto quando a gente fala isso! - .
Até hoje nosso amigo fiel busca pães no bairro do Bixiga. A Íris já conheceu um estabelecimento novo, tão bom quanto o antigo, principalmente na questão geográfica mas toda vez que tem pãozinho da padaria do bairro o Américo torce o nariz. Segundo ele só aquela padaria do Bixiga faz o pão que ele gosta.
E assim a gente se diverte, a Íris aguenta e com certeza o antigo balconista fica esperando o Américo buscar seus 4 pãezinhos, todos os dias, 2 claros e 2 escuros!
 

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Porque é no balcão que saem as melhores conversas!

Esse blog nasceu da conversa de um monte de amigos encostados no balcão do bar do Estadão. Toda vez que a balada termina a gente estica até o viaduto 9 de Julho e contra ataca as cachaças com um senhor lanche de pernil. Fazemos isso desde nossa juventude, apesar de nem sermos tão velhos assim rs.
Cada vez é uma conversa diferente e dessas madrugadas em pé com os pés doendo e os dedos e lábios engordurados surgiram muitas pérolas que foram guardadas na memória de cada um daqueles bêbados que adoravam filosofar sobre a vida e os defeitos alheios.
Muitas coisas fizemos questão de anotar pois as divagações eram excelêntes mas quando a graduação alcóolica era muito alta sabíamos que detalhes preciosos poderíam se perder em nossas memórias encharcadas e hoje vejo que fizemos muito bem em anotar.
As histórias e debates são tão incisivos e acalorados que achamos que seria ótimo publicar algumas passagens em um. Um pouco para dividir com outras pessoas nossas maluquices e também para que tenhamos registrado em um lugar seguro esse conteúdo tão importante para nós já que nossas memórias não são mais lá essas coisas!
Quase todos os integrantes dessa galera hoje está casada, alguns já são pais de família, mas de vez em quando ainda conseguimos dar uma escapada para uma baladinha qualquer, afinal o que realmente nos importa é encostarmos nossas barrigas no balcão do bar do Estadão, pedir os sagrados lanches mata-fome e falar, falar e falar afinal quem disse que só mulher fala pelos cotovelos quando se encontra nunca saiu com a gente!